Fim do vestibular

Federal vai seguir com a cara de Santa Maria, diz especialista

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Um dos argumentos mais utilizados pelos estudantes que ficaram descontentes com a adesão total da UFSM ao Sisu é o fato de a mudança aumentar a concorrência. Ainda que a hipótese seja uma das mais temidas pelos candidatos, professores  e especialistas acreditam que o número de concorrentes e de alunos de longe não deve aumentar consideravelmente.
- Quando a UFPel e a Furg aderiram ao Sisu, todos os alunos ficaram preocupados. Mas estudantes de longe raramente descem para o nosso Estado. A mudança é sempre observada assim. O próprio Peies (Programa de Ingresso ao Ensino Superior, já extinto), quando surgiu, ou mesmo as cotas são exemplos de que mudanças sempre desacomodam. Mas os nossos alunos continuam fazendo prova em Pelotas e em Rio Grande e, de certa forma, a concorrência é a mesma - avalia Anderson Ellwanger, professor de física do colégio Riachuelo.

Claudio Dutra, professor do Centro de Educação da UFSM, também acredita que, se o número de alunos de fora do Estado aumentar, não deve ser um número expressivo:
- Não deve ultrapassar 10%. Lógico que são provas diferentes, e que os alunos daqui vão ter que se adaptar, mas, na minha opinião, o estudante da Federal não deve mudar - acredita o professor.

A quantidade de alunos que busca preparo nos cursinhos é um dos fatores que levam o professor a acreditar que pouco mudará no perfil dos novos bixos. Para ele, os estudantes daqui já estão acostumados a encarar a concorrência, que é saudável.
- Há um pensamento muito regionalista de que a universidade é de Santa Maria. Não, ela é Federal, ela é ampla. O próprio reitor e fundador, José Mariano da Rocha, tinha esta visão de amplitude - acrescenta Dutra.

Atualmente, 35% dos alunos da UFSM são de Santa Maria e da região. Para o reitor da Federal, Paulo Burmann, com o Sisu, o número deve ser ainda maior:
- Esperamos que, neste ano, cerca de 70% dos aprovados na UFSM por meio do Sisu sejam da região de Santa Maria ou mesmo do Estado. A tendência nacional é que de 85% a 95% dos aprovados pelo Sisu no país sejam de suas regiões de origem.

Outras universidades federais do Rio Grande do Sul que já utilizam o Sisu como ingresso tiveram o número de alunos gaúchos reduzido, mas ainda são a maioria nas instituições. Em 2013, a Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), a Universidade Federal de Pelotas (UFPel) e a Fundação de Rio Grande (Furg) tinham 87,7% de alunos do Estado. O número de alunos de outras regiões do país, desde que mudou a forma de ingresso, aumentou de 4% para 12,3%. A Universidade Federal do Pampa, em 2013, tinha 18% dos alunos que vieram de outros Estados.






Estudantes se queixaram ao MPF

A indignação com as mudanças no processo seletivo da UFSM era tanta, que um grupo de estudantes foi reclamar da decisão do Cepe no Ministério Público Federal (MPF) em Santa Maria. Conforme a assessoria de comunicação do MPF, os alunos buscaram a Sala do Cidadão na Procuradoria da República na cidade e registraram a sua queixa. Foi aberta uma representação que será avaliada pelos procuradores. Não há prazo nem garantia de que a queixa se tornará um processo judicial, mas o descontentamento poderá gerar outros processos ao longo do tempo.

Para a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Maria, a autonomia da UFSM ao tomar esse tipo de decisão não pode ser questionada. Mas, se essa decisão, ou a forma como foi tomada, é razoável, isso, sim, pode ser motivo de questionamento na Justiça.
- A nossa posição institucional é de respeito à autonomia da UFSM para fazer a sua gestão e para tomar suas decisões administrativas. Porém, se alguém se sentir lesado e considerar que o ato administrativo em questão não é razoável, como pressupõe a Constituição, pode fazer esse questionamento na Justiça, que dará a resposta -"

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